Meu diário

Vou contar um pouquinho da influência da mídia em minha infância. Tudo começou com a vinda de meu bisavô materno da Alemanha para o Brasil. Conheceu minha avó de origem alemã, casaram-se e tiveram dez filhos, sendo a mais velha minha mãe. Minha mãe conheceu meu pai num baile, pois ele fazia parte de uma banda musical. Construíram uma família com sete filhos. Porque iniciei meu diário com esta com esta história. É porque com esta geração aprendi muitas brincadeiras com brinquedos de sucata, alguns brinquedos como bonecas feitas de panos, carrinhos feitos de madeiras entre outras brincadeiras de sua cultura. Selecionávamos então alguns materiais como caixas de vários tamanhos, tampinhas de várias cores, garrafas plásticas, embalagens vazias e com um pouco de criatividade e sem gastar praticamente nada, brinquedos como o vai e vem, o bilboquê, os instrumentos musicais e outros, eram confeccionados. Era muito divertido. Além de brincarmos de casinha, rodas, esconde-esconde. Tudo com muita liberdade. Este aprendizado repassei para os meus dois filhos. Hoje um dos problemas causados pelo aumento do processo de urbanização é a falta de segurança, o qual limitou os espaços de recreação das crianças alterando, assim, a sua rotina de brincadeira. Pais e escolas ainda não se deram conta de que as crianças mudaram e encaram negativamente essa diferença, buscando para ela um bode expiatório. Ora culpam a TV, ora a internet, ora os vídeo-game como se todas essas tecnologias não fizessem parte de um contexto maior que mostra que a infância de hoje está se constituindo de outra forma. Porém, a relação da criança com a mídia é vista sob dois pontos de vista opostos segundo Brougère: “ou a criança é totalmente dominada ou manipulada pela mídia ou a criança é mais inteligente e esperta por causa da mídia”. E assim fui me adaptando com a mídia para entender melhor as brincadeiras das crianças que fazem parte do meu trabalho voluntário.